Rebeca Andrade pode ter despedida do solo na final das Olimpíadas de Paris; entenda
Por Marcos Guerra — Paris, França
Ginasta afirma que não deve fazer mais solo a caminho de Los Angeles 2028, mas abre espaço para mudança de planos: “Vai que dá um tchan na minha cabeça e vai que o corpo melhora”
Beyoncé e Anitta vão embalar Rebeca Andrade na decisão do solo das Olimpíadas, na segunda-feira, às 9h20 (de Brasília). Vai ser a quinta e última final da brasileira em Paris, encerrando sua participação nos Jogos – horas antes briga por medalha na trave. A apresentação, que mantém um toque do consagrado “Baile de Favela”, pode marcar a despedida da ginasta de 25 anos das provas de solo. Quer dar descanso aos joelhos, três vezes operados.
– Solo, com certeza, pra mim é o mais difícil. Não é que é difícil eu fazer os meus exercícios. É que é pesado pra minha perna, meus joelhos, meus pés, meu tendão. São dores de cabeça e que eu sinto que eu não preciso ter mais. Eu não preciso mais provar nada pra ninguém, sabe? Eu já fiz tudo que eu podia fazer dentro do meu esporte, eu sou muito orgulhosa de tudo que eu conquistei – disse a medalhista olímpica.
Dona de cinco medalhas em Olimpíadas (três delas conquistadas em Paris), a ginasta vai buscar o primeiro pódio brasileiro no solo feminino dos Jogos. Em Mundiais, ela tem uma prata e um bronze. Em Olimpíadas, a quinta posição de Tóquio foi o seu melhor resultado no solo, igualando o melhor resultado brasileiro, de Daiane dos Santos, em Atenas 2004.
O solo de Rebeca é sempre aclamado pela torcida, mas deve ficar em segundo plano no próximo ciclo olímpico. A ginasta não tem certeza de seus passos rumo a Los Angeles 2028, mas contou que não está nos seus objetivos fazer o individual geral, ou seja, continuar se apresentando nos quatro aparelhos. O solo, aparelho mais exigente para ela, deve ficar de lado.
– O solo consome. Quando volta a trabalhar no tablado, ela volta a sentir dores. É isso que ela não quer suportar mais. Ela faz um treino muito bom, compete muito bem, no outro dia está acabada. Não é só cansaço físico. O joelho volta a doer. Esse é o aparelho que exige mais. É uma decisão dela. Hoje ela está bem, mas é bem difícil fazer treino de pódio, classificatória, final por equipes, individual geral e agora aparelhos – explicou o técnico Francisco Porath.
É essa rotina pesada de grandes competições como Olimpíadas e Mundiais que Rebeca quer evitar no próximo ciclo. Em Paris, contando as exibições do treino de pódio, uma espécie de ensaio geral da ginástica artística, a ginasta vai apresentar 19 séries em 12 dias, cinco de solo. Deixando de se apresentar em um aparelho, a atleta diminui consideravelmente o número de rotinas por competir um dia a menos o individual geral. Rebeca, no entanto, deixa espaço para uma mudança de planos.
– Não vou mais fazer solo porque exige muito, mas vai que dá um tchan na minha cabeça e vai que o corpo melhora, a gente faz muita fisio, os médicos estão sempre evoluindo o tratamento com a gente, isso para a gente é muito bom.
Confira a agenda da ginástica artística:
- Final das barras assimétricas (sem Brasil e Biles): domingo (4), às 10h40
- Final da trave (Rebeca Andrade e Julia Soares): segunda-feira (5), às 7h30.
- Final do solo (Rebeca Andrade): segunda-feira (5), às 9h20.