— Foi uma ótima reunião, estou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Foi uma ótima reunião e Estados Unidos e Brasil estão fazendo importantes coisas juntos. Estamos trabalhando juntos bilateralmente, regionalmente, globalmente. É uma parceria importante e somos gratos pela amizade — declarou a jornalistas.
Em uma rede social, Lula disse que, no encontro com Blinken, foram discutidos vários temas. O presidente citou o G20, a iniciativa pela melhoria da condição dos trabalhadores, lançada por ele e o americano Joe Biden em 2023, a proteção do meio ambiente, a transição energética, a ampliação dos laços de investimento e a cooperação entre os dois países sobre a paz na Ucrânia e em Gaza.
O assessor especial, Celso Amorim e a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley, também participaram do encontro.
Não há informação se, durante a reunião, Lula ou Blinken tenham conversado sobre a crise diplomática entre Brasil e Israel. Os EUA são aliados históricos daquele país. Em nota, o Palácio do Planalto afirmou que Lula reafirmou no encontro o desejo pela paz e fim dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Os dois também concordaram com a necessidade de criação de um Estado Palestino.
Ainda de acordo com o Planalto, Blinken agradeceu a atuação do Brasil pelo diálogo entre Venezuela e a Guiana. O Brasil teve papel fundamental em parar a escalada de tensão entre os dois países na disputa pela região de Essequibo.
Na pauta do encontro ainda estava a presidência brasileira do G20. Blinken elogiou as prioridades estabelecidas pelo país na gestão (reforma da governança global, combate à fome e à miséria e transição energética).
“O presidente Lula reiterou a necessidade de reformar os organismos financeiros internacionais e o Conselho de Segurança da ONU, no que foi apoiado pelo seu interlocutor”, disse o Palácio do Planalto em nota.
O encontro ocorre em meio a uma crise diplomática com Israel, aliado de Washington, após o presidente brasileiro ter comparado a guerra em Gaza ao Holocausto no último domingo. O governo Lula avalia ter dado uma resposta à altura das “provocações” feitas ao presidente por autoridades israelenses e, de acordo com interlocutores do chanceler brasileiro, Mauro Vieira, a ordem agora é não tomar novas medidas que possam escalar a crise diplomática.
Novas reações, como a possibilidade de expulsão do embaixador de Israel em Brasília, revelado pela colunista Malu Gaspar, do GLOBO, ou ao fechamento da embaixada em Tel Aviv, segundo auxiliares de Vieira, seriam adotadas em caso extremo, na hipótese de o país do Oriente Médio tomar novas atitudes hostis. Um integrante do Itamaraty disse não ser intenção do governo expulsar o embaixador israelense, Daniel Zonshine, mas que a decisão não depende só do Brasil.
A diplomacia brasileira decidiu priorizar a reunião de chanceleres do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, que ocorre nesta quarta-feira no Rio de Janeiro. O Brasil vai defender a reforma dos organismos internacionais, com ênfase para o Conselho de Segurança da ONU. Blinken participará de uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20 entre quarta e quinta-feira no Rio. Ele chegou a Brasília na terça, no início de uma viagem que ainda o levará à Argentina.
Apesar dos convites do Planalto, o presidente americano, Joe Biden, nunca veio ao Brasil desde que assumiu a Casa Branca, em 2021. No ano passado, uma das primeiras viagens internacionais de Lula foi a Washington para se encontrar com o democrata. Os dois líderes compartilham objetivos na luta contra as mudanças climáticas, na defesa dos direitos dos trabalhadores e nos valores democráticos, mas há muitos outros temas que os separam, começando pela Ucrânia.
Lula se opõe à política de isolamento da Rússia adotada por Washington desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Além disso, Brasil e EUA também discordam sobre a Venezuela. O petista permanece em silêncio, ao contrário dos americanos, diante dos obstáculos impostos a alguns candidatos opositores ao presidente Nicolás Maduro para que participem das eleições venezuelanas.